Considerações sobre as produções textuais dos alunos (Classroom)

 Conforme proposto na semana passada, os estudantes elaboraram um texto descritivo de acordo com alguma imagem selecionada por eles, a fim de que praticassem a escrita descritiva e registrassem sua imaginação. Nesse sentido, apenas 11 de aproximadamente 120 alunos entregaram suas atividades dentro do prazo estipulado (sexta-feira, 21), o que é um número pequeno e preocupante neste atual contexto de ensino remoto, no qual há um distanciamento físico entre professor e aluno. Apesar disso, há bons resultados das produções textuais entregues até o momento, as quais pretendo comentar neste espaço. 

É possível notar que os discentes detalham e caracterizam muito bem os aspectos encontrados nas imagens escolhidas por eles, empregando abundantemente, em suas redações, termos que caracterizam a figura apresentada. Isso pode ser exemplificado nos seguintes fragmentos dos textos de duas alunas, sendo que, respectivamente, uma utiliza adjetivos para descrever sua mãe e outra faz uso de comparação para caracterizar as propriedades físicas de sua irmã: "Seus cabelos de luzes a iluminar o seu rosto, seus olhos castanhos, um sorriso suave..." e "[...]seus olhos com cor de jabuticaba...". Assim, percebe-se que permitir aos estudantes a construção de um texto relacionado à imagem selecionada por eles próprios e correspondente, de alguma maneira, aos seus gostos e interesses pessoais, certamente, pode ter os auxiliado no processo de desenvolvimento da atividade, de modo que se pode identificar a compreensão sobre o assunto da tipologia textual descritiva por parte deles, bem como a apropriação das especificidades desse tipo textual em seus textos, dado que escrevem acerca de algo que eles apreciam ou estimam. 

Além disso, é muito interessante a maneira pela qual os alunos abordam explícita ou implicitamente situações coletivas ou individuais de suas vidas em suas práticas escolares, especialmente nesta atividade. Dentre as ótimas produções, a escrita de dois estudantes elucida o elo que existe entre as propostas pedagógicas da educação e as particularidades sociais ou pessoais dos alunos - as quais ganham formato textual na atividade. Em relação a esses textos, certo aluno escreveu acerca de um animal chamado pangolim, que presumivelmente é hospedeiro da covid-19, enquanto outra jovem escreveu sobre seu quarto, o qual representa a sua personalidade, como também representa cada momento de sua existência. Na primeira escrita, há a possibilidade de deduzir, nem que seja minimamente, que o aluno selecionou a imagem do animal em razão deste estar associado ao atual contexto pandêmico, o qual afeta imensuravelmente o mundo e, aqui, transpassa o texto do adolescente. Já na segunda escrita,  identifica-se que a jovem utilizou o espaço da atividade para escrever, de forma até mesmo poética, sobre si mesma e as fases de sua vida, compatíveis com as mudanças estruturais de seu quarto, explorando os recursos descritivos para delinear sua singularidade: "[...]a cada mudança, seja grande ou pequena, eu sinto mais de mim dentro dele!". Com isso, fica evidente que os níveis pessoal e coletivo em que os estudantes estão inseridos são explanados significativamente nas práticas pedagógicas e, ao dar espaço para que eles possam explorá-los e verbalizá-los, contribuem para o protagonismo e o envolvimento do estudante nas diversas atividades escolares.

Finalizo considerando, também, que é necessário rever o assunto coesão textual com os alunos, visto que apresentam dificuldades para articular mais apropriadamente suas ideias. Exceto isso, os estudantes elaboraram ótimos textos e seu empenho foi claramente satisfatório. São adolescentes, portanto, com muito potencial e capacidade para desenvolverem suas habilidades e evoluírem como humano e aluno cada vez mais, basta que o professor saiba permitir que eles expressem o seu eu individual e social nos projetos pedagógicos, a fim de que possam participar ativamente do seu próprio processo de ensino-aprendizagem. 





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